Quando vivo, Valdetário costumava dar
entrevista no Rádio. Era bom nisto. Às vezes ele falava que só roubava banco,
porque era do governo e estava no seguro. Quase sempre ele dizia que os
verdadeiros ladrões não viviam em fuga como ele. Usava terno e gravata. Ele
tinha razão.
Há poucas semanas chegou ao conhecimento público uma suspeita levantada pelo
CNJ de que roubaram mais de R$ 50 milhões do Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Norte, através de um esquema de Precatórios. Fraudavam os documentos e sacavam
a grana.
Valdetário em toda sua carreira criminosa não roubou 10% deste valor e isto
atribuindo a ele, assaltos a bancos feitos por outros, como era costumeiro a
Polícia de vários estados fazer. Bastava acontecer um assalto a banco, que logo
Valdetário era o suspeito.
Valdetário foi morto pela Policia no segundo semestre de 2003, no município de
Lucrécia (Oeste do RN), aonde se escondia com a mulher e um menino pequeno.
Os autores do roubo dos precatórios do TJ estão vivendo em mansões, tomando do
melhor vinho do Porto, no Porto, freqüentando os melhores restaurantes e
aparecendo em coluna social, usando ternos caros e com aquele sorriso
sarcástico.
O temido Valdetário, natural de Caraúbas, quando fazia estas observações,
deixava a entender que os maiores ladrões são aqueles que brincam (roubam) com
recursos públicos e pagam a imprensa para dizer que administram em prol da
população. Um câncer.
É duro admitir, mas Valdetário tinha razão.
Saindo de
Caraúbas, o homem que irrompeu o sertão nordestino, desafiando a polícia e
espalhando o medo por todo o RN. Completa 12 anos de sua morte neste ano de
2015.
Casa onde
Valdetário Carneiro foi morto, há doze anos, nunca mais foi ocupada.
Valdetário
Carneiro, um dos mais temidos criminosos que já protagonizaram a crônica
policial do Rio Grande do Norte, tendo início entre uma briga entre duas
famílias em Caraúbas que assombraram o Oeste potiguar.
Uma injustiça
teria transformado o pacato mecânico em um criminoso perseguido pelas polícias
de vários estados do Nordeste. Valdetário foi preso injustamente e cumpriu
quase cinco anos de reclusão. “Há controvérsias acerca de sua culpa neste
primeiro delito. Mas ele foi inocentado pela Justiça”.